O ano de 2020 e o que inicia serão marcados por grandes desafios e necessidades para o povo brasileiro e de toda a terra. O capitalismo, com suas garras da opressão e da desigualdade, gradativamente é desmascarado e mostra sua crueldade. O Brasil sofre nas mãos de um governo fascista, genocida, racista e homofóbico. A violência contra mulheres brancas e negras se apresenta todos os dias como uma das grandes mazelas da nossa sociedade.
Por Emilia Fernandes*
A Covid-19 tira milhares de vidas brasileiras e a pobreza, a fome, o desemprego, as pessoas em situação de rua, a violência contra as mulheres, evidenciam o quanto o Brasil é desigual e injusto. Um país rico com grande maioria da população pobre, enquanto uma parcela negacionista, individualista e arrogante espalha vírus, preconceito, ódio, privilégios e egoísmo.
Que democracia é esta do Brasil, onde pessoas morrem nas portas dos hospitais sem ar, sem oxigênio, sem leito, sem médicos, sem remédios, sem vacinas… A democracia brasileira agoniza e é atingida todos os dias pelos atropelos reacionários dos “entrega pátria”, dos “defensores do AI-5”, das atrocidades do “melhor armar do que educar”… Que país é este? Cantado em prosas e versos que retira recursos da educação e da saúde?
Para as mulheres negras, não negras, do campo, das florestas e das cidades, LGBTQI+, com deficiência, indígenas, das comunidades pobres das periferias, mulheres que, sozinhas, educam crianças e cuidam de idosos. Ela realizam todas as tarefas domésticas e ainda precisam colocar a própria vida em risco em transportes públicos lotados e de má qualidade… A vida nunca foi fácil e está cada vez mais desafiadora e injusta.
Sempre que a democracia e as instituições são ameaçadas e os direitos suprimidos, fica evidente que precisamos redesenhar o papel de luta com unidade e participação de mulheres e de homens de todos os recantos do país. Em especial, com o protagonismo destemido das mulheres, para o enfrentamento do atraso e pela garantia de nossas conquistas, hoje tão ameaçadas pelo conservadorismo e retrocesso.
Os efeitos cada vez mais nocivos do capitalismo atingem pesadamente todas nós, principalmente as mulheres que estão desempregadas, nos trabalhos informais e precários, cada vez mais penalizadas pela redução das políticas públicas. Na linha de frente de setores estratégicos como saúde e educação são verdadeiras guerreiras, mesmo expostas muitas vezes a desvalorização e baixos salários, falta de acesso a serviços públicos e aumento da pobreza e da violência.
O preconceito, a discriminação, a desigualdade de gênero, o racismo e a opressão de classe são elementos formadores da sociedade brasileira, que por sua vez tem na luta feminista de longa data diferentes formas de contestação. O enfrentamento a todas as formas de exploração e violências precisa estar na pauta das mulheres e dos homens feministas. Lutar por democracia, pela vida, por direitos e justiça social são bandeiras libertárias, solidárias e humanizadoras.
“A corrente emancipacionista e popular atua nos movimentos de mulheres, nos movimentos sociais e sindicais, na luta institucional, na luta de ideias, e desenvolve ações de massa, na perspectiva de resistir e lutar com todas as mulheres, com suas diversidades e especificidades. Portanto, defendem as pautas que atingem diretamente as mulheres e seus anseios mais prementes”.
Com esta determinação, compromisso e disposição de garantir as conquistas e avançar, seguimos rumo à 3ª Conferência Nacional do PCdoB sobre Emancipação das Mulheres, conclamando mulheres e homens democratas, de todas as cores partidárias, raça, etnia, gênero e classe, que defendem o SUS e exigem a Vacina Já!, para que marchem conosco numa grande frente pela democracia, pelo desenvolvimento do Brasil e pela vida de nosso povo.
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*Emilia Fernandes é ex-senadora e ministra de políticas para as Mulheres e membra do comitê regional Distrito Federal e do comitê central do PCdoB.
(BL)