Em entrevista concedida na noite desta quinta-feira (4), a vereadora de Porto Alegre, Daiana Santos que é pré-candidata a deputada federal (PCdoB-RS) contou como foi o início de sua atuação no movimento social e de sua conscientização que é possível realizar ações através da política e mudar aspectos da vida das pessoas.
Por Eliz Brandão
Daiana que é educadora social e sanitarista pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, está em seu primeiro mandato como vereadora e participa da primeira bancada negra de Porto Alegre, comentou na entrevista que o que a fez “engajar na política foi uma necessidade da vida”.
A vereadora contou que é filha mais velha de uma mãe solo e vem de uma comunidade periférica e que desde muito jovem começou a compreender melhor a realidade participando dos movimentos sociais. “Entendendo que aquele espaço, do lugar onde moro, que começou a surgir esse olhar do que era prioridade, pois nunca éramos priorizados”, ponderou.
“Sempre tive muito próximo dessa realidade dura que hoje está muito presente nas vidas dos brasileiros e das brasileiras”. Para Daiana, para quem vive em comunidade é sempre muito difícil ter a garantia dos direitos, como da educação, por exemplo. Pois é preciso conciliar trabalho e estudo, “e os trabalhos que surgiam era serviços de mão de obra mais barata”, citou.
Política de incentivo à violência e ao ódio
Sobre o cenário político do país, a pré-candidata a deputada federal comentou sobre as pautas em que o presidente da República Jair Bolsonaro tenta desestabilizar o país, incentivando o ódio e a violência.
“Esse ambiente em que o presidente da República cria esse tensionamento, esse descrédito acerca do processo eleitoral, toda essa violência é definitivamente para tirar todo esse movimento do protagonismo de mulheres e homens negros, LGBTQIA+, da população indígena, da diversidade e da pluralidade dessa população que hoje se coloca na política como uma real alternativa de mudança. Acho que esse é um grande ponto”, disse.
Bolsonaro tenta “descredibilizar uma instituição que ele mesmo foi eleito é um absurdo. É uma forma tão arcaica de lidar com algo tão importante para a sociedade brasileira que é ter a garantia do Estado Democrático de Direito”.
Ela acredita que o atual presidente, “se não for com essas pautas de ódio e de violência, dessa forma truculenta, ele não teria espaço algum na política. Porque ele utiliza deste espaço como quintal de toda essa articulação duvidosa, violenta que vem sendo fomentado com uma série de ações ao longo do mandato dele. E é um absurdo que até hoje ele se mantenha neste espaço”.
Levante das mulheres
Para a vereadora, é preciso fazer essa ligação direta, porque são as mulheres que estão fazendo esse levante. E é justamente um contingente de mulheres, 52% das mulheres que são votantes é que vão mudar esse cenário eleitoral, frisa.
Daiana Santos também comentou sobre a aprovação do Projeto de Lei de sua autoria, pela Câmara Municipal de Porto Alegre, que institui a Política Municipal de Fomento ao Empreendedorismo Negro na cidade. E também como funcionou o Fundo das Mulheres que deu assistência às pessoas mais necessitadas nos momentos mais graves da pandemia. Contou que no início foi auxiliado a doação de cestas básicas, mas que no final desse processo, desenvolveram a formação das comunidades para que elas possam ter sua própria fonte de renda.
A política possibilita a realização de ações efetivas
Segundo Daiana, “isso demonstra se não é uma organização ou às organizações da sociedade civil em dar conta de uma parte da população que é negligenciada e que acabam sendo esquecidas em definitivo”.
Para a pré-candidata, mesmo pequenas ações são determinantes para mudar a vida das pessoas e é importante como “a política opera em nossas vidas e como ela opera. E o que definitivamente nós devemos priorizar. Porque acredito muito nesta relação direta com a construção de uma sociedade mais igualitária, mais justa, onde se tem possibilidade reais para todos e todas, mas isso não pode ficar só no campo das ideias. Isso tem que ser na ação e a política tem me possibilidade realizar ações efetivas”, completou.
Daiana falou ainda sobre a falta da representatividade de mulheres e negros na política e consequentemente nas esferas de poder. Citou, enquanto pré-candidata a vaga no legislativo federal, quais serão suas principais pautas que pretende apresentar em seu futuro mandato. Contou também como está sendo sua campanha e a contribuição da sua conterrânea, liderança política muito conhecida do PCdoB de Porto Alegre, a ex-deputada Manuela d’Ávila. E também de sua parceria com a vereadora Bruna Rodrigues na Câmara Municipal.
Confira a íntegra da entrevista: