A luta das mulheres por igualdade e maior espaço na cena política ainda não angariou, para as eleições deste ano, o equilíbrio que se espera para uma sociedade que tem mais da metade de sua população do sexo feminino. No entanto, há partidos, como o PCdoB, que foram bem além dos 30% mínimos estabelecidos em lei. Cerca de 45% dos candidatos lançados pelo partido neste pleito é de mulheres, segundo melhor desempenho entre as legendas brasileiras.
Considerando os dados atualizados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até esta quarta-feira (17), o percentual é superior à proporção de mulheres quando analisadas todas as candidaturas em disputa pelo país, em todos os cargos. Ao todo, elas representam 33% dos postulantes nas eleições deste ano, contra 67% de homens.
O resultado alcançado pelo PCdoB reflete um compromisso antigo do partido com a emancipação das mulheres e com a luta contra o machismo e pela igualdade de gênero em todas as esferas. O partido tem uma presidenta, reeleita em 2021, Luciana Santos — que também é vice-governadora de Pernambuco e disputa a reeleição na chapa encabeçada por Danilo Cabral (PSB) — e conta com duas vice-presidentas: a deputada federal Jandira Feghali (RJ), que também busca renovar o mandato na Câmara Federal, e a ex-deputada Manuela d’Ávila, do Rio Grande do Sul.
Além disso, o PCdoB tem metade de sua bancada na Câmara composta por mulheres: as deputadas Alice Portugal (BA), Jandira Feghali (RJ), Perpétua Almeida (AC) e professora Marcivânia (AP).
“O PCdoB é um partido que tem se esforçado para empoderar mulheres em vários níveis de direção”, explica Julieta Palmeira, que compõe o Comitê Central do PCdoB e é secretária de Políticas para as Mulheres do estado da Bahia. Além disso, completa, “é um partido preocupado em construir candidaturas femininas nos estados tendo a lei de cotas não como teto, mas como piso”.
Ela salienta que essas candidaturas femininas “representam projetos de transformação da sociedade, de enfrentamento a um sistema de desigualdades que entrelaça a desigualdade social, aquela imposta pelo patriarcado — que se expressa na cultura machista — e o racismo estrutural. São projetos de resistência nos bairros, nas universidades, no mundo do trabalho. São candidaturas feministas vindas da luta contra a política econômica desse desgoverno federal que promove a fome, afinal, as mulheres são a maioria das pessoas que estão em situação de insegurança alimentar nesse país. Também são as mulheres a maioria das pessoas desempregadas ou em subemprego”.
O fato dessas postulantes a cargos públicos refletirem o perfil da mulher brasileira real, diz Julieta, “é a força das candidaturas do PCdoB”. Ela completa dizendo que esse resultado não diz respeito apenas ao cumprimento da legislação vigente, mas “representa o protagonismo feminino”.
Julieta salienta ainda que, neste momento, é preciso trazer à tona outras reflexões que envolvem a participação feminina na política. “As candidaturas de mulheres necessitam que os partidos as apoiem para que não só seja cumprida a proporção de 30% do Fundo Eleitoral e do Fundo Partidário, mas para que seja dado suporte político e financeiro a essas candidaturas durante a campanha eleitoral”.
A secretária conclui dizendo esperar que, em outubro, haja mais mulheres eleitas. “Defender a democracia é defender a superação da sub-representação feminina nos espaços de decisão e para isso precisamos, ainda, avançar na legislação e na sensibilização dos partidos políticos”, finalizou.
Por Priscila Lobregate