Enquanto houver a pobreza, a paz seguirá sendo uma utopia. Enquanto houver a pobreza, a segurança não passará de uma ilusão. Enquanto ela não for erradicada, não haverá como falar em liberdade ou democracia plena. Enquanto houver fome, não haverá cidadania.
Por Denise Carvalho*
Hoje, diante de uma das piores crises sociais da história democrática do Brasil, um país que enche o peito para dizer que alimenta 1 bilhão de pessoas pelo mundo constata que 33 milhões de brasileiros e brasileiras passam fome. E o que é pior: a fome tem rosto de mulher e negra. Pela primeira vez, a insegurança alimentar brasileira superou a média mundial e teve um aumento quatro vezes maior no cenário da fome, sendo que a insegurança alimentar feminina chega a ser seis vezes maior que a média. Pois bem: a igualdade de gênero não é apenas um direito humano básico, mas também uma base necessária para a construção de um mundo pacífico, próspero e sustentável.
O país que comemora ser o sexto maior destino de investimentos externos do mundo é o local onde 17,5 milhões de famílias brasileiras vivem na extrema pobreza e com renda per capita mensal de até R$ 105. A fome aumentou na mesma proporção que a fortuna dos bilionários. Em plena crise sanitária, a fortuna dos mais ricos aumentou 30%, e o Brasil ganhou dez novos bilionários. O 1% mais rico passou a concentrar metade da riqueza do país, sendo que apenas 20 pessoas detém hoje mais riqueza que 60% da população. Portanto, não falta dinheiro no Brasil e reduzir a pobreza extrema, bem como a fome, é uma decisão política.
Também estamos distantes da paz social e, nesta trilha repleta de desafios, é preciso resgatar a dignidade àqueles e àquelas que perderam tudo, inclusive o sentimento de que fazem parte da humanidade. É preciso tirar da escuridão milhares de vidas humanas em situação de invisibilidade social.
Nestas eleições vamos fazer a escolha mais séria e histórica das nossas vidas: podemos escolher a democracia escolhendo um governo que promova a justiça social, que combata a fome, a pobreza, o desemprego e fortaleça as instituições democráticas, bem como o estado democrático de direito ou dissolver a nossa democracia aprofundando a exclusão social, a fome, a pobreza e caminhando para a barbárie onde o ódio, a violência e a intolerância serão mais disseminados ainda.
No dia 2 de outubro, convidamos todos e todas a desenharem a democracia no resultado das urnas eletrônicas com as cores da diversidade, das nossas etnias, de nossa terra e de nossa gente. De todos os gêneros, de diferentes gerações, credos e convicções. O voto é esperança que brilha para nós como uma estrela porque o Brasil tem pressa de viver em paz e sem medo de ser feliz.
*Candidata do PCdoB ao Senado em Goiás pela Frente Brasil Esperança (PT/PCdoB/PV e PSB)
Artigo publicado originalmente no jornal O Popular (25/08/2022)