Por Luciana Santos*
A vitória de Luiz Inácio Lula da Silva significou o triunfo da democracia e o renascimento da esperança em nosso país. Lula entra para a história como o candidato mais votado numa disputa presidencial – teve mais de 60 milhões de votos. Se, por um lado, tal feito revela a força do líder e do projeto, por outro, mostra como foi acertada a estratégia da frente ampla, que também será chave para o sucesso do governo.
Fiéis à nossa trajetória de amplitude e defesa da unidade, nós, do PCdoB, pregamos que, para derrotar o retrocesso representado por Jair Bolsonaro, seria necessária a união de vastas forças, comprometidas com o Estado Democrático de Direito e com avanços sociais. Recebemos críticas pelo meio do caminho, mas persistimos na construção da aliança que o momento exigia.
A presença de Geraldo Alckmin na chapa majoritária foi o abre-alas para a consolidação dessa tática. Para superarmos a grave encruzilhada em que o Brasil se encontra, foi preciso dar as mãos. E vencemos o autoritarismo na urna, apesar do abuso de poder econômico e político do oponente.
Essa também é uma vitória da política. Da boa política, que é instrumento de valorização da cidadania, de mediação de conflitos, indispensável para a resolução dos problemas da sociedade. Não há saída fora da política, os últimos anos reafirmaram.
Em seu primeiro discurso como presidente eleito, Lula fez questão de estar ladeado por seus aliados e afirmar que não existem dois Brasis, somos um só povo. Governará para todos. Destacou que a vitória não era só dele e do PT, mas do grande movimento democrático que se formou em defesa do Brasil e de sua gente.
As comemorações que tomaram conta do país, na noite do domingo de eleição, foram comoventes – o grito que estava preso na garganta. São manifestações do tamanho da responsabilidade que o novo governo terá pela frente. É tempo de reconstruir um país, retomar o desenvolvimento e devolver a paz à nação. E, por maior que seja Lula – e ele é gigante –, isso também não é tarefa para um homem só. O processo de transição que se iniciou nesta semana expressa essa compreensão: vamos precisar de todo mundo.
Desde a última terça (8), passei a integrar a equipe de transição. O foco é a garantia de recursos emergenciais para o combate à fome e à miséria, a volta da valorização do salário mínimo e a retomada de obras paradas, com objetivo de gerar emprego e renda. É a pauta inicial para devolver a dignidade a um país em desolação.
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O mar será revolto, não nos enganamos. O cenário de terra arrasada que encontraremos e a correlação de forças que se delineia no Congresso exigirá de todos maturidade, sabedoria, paciência. Será preciso ainda mais amplitude para governar. Derrotamos Bolsonaro, falta ainda superarmos a extrema-direita e sua agenda de destruição. E isso dependerá, mais uma vez, de construção política.
A frente ampla será mais uma vez imprescindível. “Juntar os divergentes, para derrotar os antagônicos”, como tem dito Lula, parafraseando Paulo Freire. Vamos juntos pelo Brasil, sem abrir mão daquilo que nos move – que é melhorar a vida do povo e desenvolver de forma soberana e sustentável o nosso país.
Já começamos a sentir o chamado “efeito Lula” na economia, no ânimo dos brasileiros e na recepção do restante do mundo ao resultado eleitoral. Estamos do lado certo da trincheira e vamos voltar a ser feliz, com a força do povo e de braços dados. Viva a democracia do Brasil!
*Presidenta nacional do PCdoB, vice-governadora de Pernambuco.