Antes de pintar mural da universidade, vândalo fala sobre os símbolos e personalidades, em vídeo publicado em sua rede social | Foto: Reprodução/Instagram

Militantes bolsonaristas causaram tumulto no campus de Osasco da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Na última quarta-feira (20), dois agressores invadiram um espaço estudantil, hostilizaram professores, alunos e servidores, desencadeando um ato de vandalismo que resultou na destruição do painel artístico da instalação “Unifesp Mostra Sua Arte”.

Além disso, eles também tentaram depredar um mural que continha imagens da vereadora carioca Marielle Franco, assassinada em março de 2018, e outras figuras feministas, mas foram impedidos por cerca de 20 alunos.

Segundo reportagem do Uol, os incidentes ocorreram por volta das 14h30 no prédio da Escola Paulista de Política, Economia e Negócios. Os invasores, que não eram estudantes da instituição, contestaram a homenagem a Marielle Franco e questionaram a falta de homenagens a Bolsonaro, com o qual disseram se identificar.

O professor Rodrigo Medina Zagni, chefe do departamento de Relações Institucionais da Unifesp, interrompeu sua aula para abordar os invasores, que reagiram de forma agressiva. Segundo Zagni, os militantes carregavam latas de tinta e instrumentos de pintura, como se vê no vídeo abaixo.

“Eles também diziam palavras de ordem contra pessoas gays e lésbicas. E criticavam a existência de um mural que exaltava o movimento LGBTQIA+. O ambiente universitário, por natureza, é um espaço plural e democrático, inclusive para pessoas LGBTQIA+. Havia lá vários painéis e, se eles quisessem contestar alguma obra, poderiam fazer de outras formas. Nada justifica a entrada violenta no campus”, disse o professor de RI.

A situação escalou, levando à intervenção da Polícia Militar. Os militantes foram convidados a se retirar, mas reagiram de forma agressiva. Segundo o professor, o diretor acadêmico do campus, Celso Takashi Yokomiso, foi “violentamente hostilizado” pelos agressores na frente dos policiais. Pelo menos dois servidores também foram alvo de xingamentos.

“Eles claramente estavam incitando um enfrentamento físico. Apesar de provocados, os estudantes perceberam a situação e não entraram na onda. Ficaram bem tranquilos e firmes e não deixaram que outros lugares fossem invadidos e depredados”, disse Zagni.

O professor Zagni e o diretor Yokomiso registraram um boletim de ocorrência na 1ª Delegacia de Polícia de Osasco, envolvido também na Polícia Federal por se tratar de uma universidade federal.

Após os incidentes, as testemunhas pediram que os agressores fossem identificados e que os equipamentos apreendidos passassem por exame policial técnico. Os próprios autores do ataque confessaram suas ações nas redes sociais, demonstrando pouco arrependimento. “Alguém avisa que a Marielle morreu”, fala um dos bolsonaristas, antes de pintar o mural.

A Unifesp emitiu uma nota condenando “veementemente qualquer tipo de violência física, verbal ou simbólica” e afirmou estar tomando medidas junto às autoridades competentes para encaminhar as providências necessárias.

“A Unifesp informa que, nos dias 12 e 20 de setembro, teve seus campi Guarulhos e Osasco, respectivamente, invadidos por pessoas que buscam projeção e visibilidade em midias sociais. A Unifesp e as direções acadêmicas dos campi estão tomando medidas junto às autoridades competentes para encaminhamento de providências. A universidade condena veementemente qualquer tipo de violência física, verbal ou simbólica e atuará visando preservar a segurança e a integridade do ambiente e dos espaços acadêmicos para toda a sua comunidade”, diz a nota.

Esse incidente segue um padrão de confrontos em universidades. Uma semana antes, os dois homens estiveram no campus de Guarulhos mas foram expulsos pelos alunos. Entre os alvos dos invasores, estava uma pintura do rosto do filósofo Karl Marx.

Estudantes e membros da comunidade acadêmica esperam respostas das autoridades e pedem pela segurança e integridade dos espaços acadêmicos.

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Por Bárbara Luz
com agências

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