Levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), indica que a violência contra a mulher é estrutural e atinge principalmente mulheres negras.
O principal risco à segurança das mulheres está dentro de casa. Segundo o Atlas da Violência 2025, divulgado na manhã desta segunda-feira (12), no Rio de Janeiro, 65,8% dos feminicídios e 35% dos homicídios de mulheres registrados no Brasil, em 2023, ocorreram na residência das vítimas.
A violência contra as mulheres permanece como um dos principais problemas da segurança pública no Brasil, expressão da desigualdade de gênero no país. Enquanto houve uma redução de 2,3% na taxa geral de homicídios de 2022 para 2023, o homicídio de mulheres cresceu 2,5% no mesmo período.
Os crimes de feminicídio e homicídio são diferenciados e computados em separado na pesquisa. O feminicídio se caracteriza pelo homicídio praticado contra a mulher por ela ser mulher, por sua condição de gênero, geralmente associado à violência doméstica e familiar.
Recorte étnico-racial
Em 11 anos (2013 a 2023), 47 mil mulheres (47.463) foram assassinadas no país, uma média de 13 mortes por dia, sendo 30 mil (30.980) mulheres negras, o que representa 67,1% das vítimas. Em 2023, a taxa de homicídio de mulheres negras no Brasil foi de 4,3%. Doze estados tiveram taxas acima da média nacional, sendo as piores encontradas em Pernambuco (7,2), Roraima (6,9), Amazonas e Bahia (cada um destes dois últimos com taxa de 6,6).
Para os pesquisadores, os dados indicam a “necessidade de compreender a violência contra a mulher não como fato isolado, mas como resultado de trajetórias de violência de gênero que frequentemente incluem agressões físicas, psicológicas e sexuais ao longo do tempo”, destaca o documento. A violência contra a mulher é considerada estrutural, atingido de forma desproporcional as mulheres negras.
“O racismo é determinante. Ainda que a gente tenha uma redução de mortes entre mulheres negras e não negras, a desigualdade racial se mantém: a taxa de mortalidade de mulheres negras é 72% superior comparada com a de não negras. É mais um tema com o qual não temos conseguido avançar. As mulheres negras continuam sendo as principais vítimas”, diz Samira Bueno, diretora executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Homicídios
Entre 2013 e 2023, houve uma redução de 25,5% na taxa de homicídios femininos no país, inferior à redução da taxa geral de homicídios, que caiu 26,4%. Na contramão da média nacional, a taxa cresceu em 10 estados. Os maiores crescimentos foram observados no Rio de Janeiro (28,6%), Pernambuco (26,7%) e Distrito Federal (22,7%).
De 2022 para 2023, houve crescimento de 2,4%. Onze estados se tornam ainda mais perigosos para as mulheres, com um crescimento expressivo: Rio Grande do Norte (27,3%), Pernambuco (26,3%) e em Minas Gerais (23,1%).
O Atlas da Violência é uma parceria entre o Fórum Brasileiro de Segurança Pública e Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O levantamento buscar retratar a violência no Brasil a partir de dados do Sistema de Informação sobre Mortalidades (SIM) e do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinam), vinculados ao Ministério da Saúde. Para consultar a pesquisa completa, acesse: https://encurtador.com.br/kn0xk