Os dados são do Mapa da Segurança Pública 2025 divulgado, nesta quarta-feira, pelo Ministério da Justiça. O documento aponta a redução dos homicídios totais e dos crimes patrimoniais
Na contramão da redução do número de assassinatos totais no Brasil, a violência contra as mulheres aumentou em 2024, segundo dados do Mapa da Segurança Pública de 2025, divulgados nesta quarta-feira (11) pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública. Houve um aumento de 0,69% no número de feminicídios e de 1,09% no casos de estupro de 2023 para 2024.
De acordo com o levantamento, foram 1.459 casos de feminicídio no Brasil no ano passado, o equivalente a quatro mulheres mortas por dia. A Região Centro-Oeste apresentou a maior taxa: 1,87 feminicídios a cada 100 mil habitantes, acima da média nacional de 1,34, mesma média do ano anterior devido ao crescimento demográfico da população feminina.
Em relação aos estados, os seis com maiores taxas são: Piauí (42,86), Maranhão (38%), Paraná (34,57%), Amazonas (30,43%) Mato Grosso do Sul e Roraima (ambos com 16,67%). Entre as capitais, São Paulo e Rio de Janeiro registraram o maior número de vítimas, ambas com 51 mortes.
Estupro – o número de estupro no país chegou a 83.114 casos, uma média de 227 estupros por dia, no ano passado. Os dados mostram crescimento constante dos casos no país nos últimos cinco anos, com um aumento de 25,80% de 2020 para 2025.
A Região Norte apresentou a maior taxa do país, com 62,44 por 100 mil habitantes, seguida da Região Centro-Oeste, com taxa de 57,73. Os três estados com as maiores taxas são Rondônia (87,73), Roraima (84,68) e Amapá (81,96). Em números absolutos, a Região Sudeste concentrou o maior número de casos, 29.007 estupros. O estado de São Paulo liderou com 15.989 casos.
A violência contra as mulheres é considerada pela Organização das Nações Unidas (ONU) a violação aos direitos humanos mais tolerada em todo o mundo, a face mais cruel da desigualdade de gênero. “Os dados divulgados nesta quarta-feira, assim como os dados apontados no Mapa da Violência 2025, divulgados há cerca de um mês pelo Ipea, indicam que a violência contra as mulheres é estrutural. Os crimes não podem ser analisados isoladamente”, observa Daniele Costa, secretária nacional da Mulher do PCdoB.

A violência contra as mulheres aumenta ano a ano, apesar da implementação de políticas públicas de promoção da equidade e de avanços nos marcos legais, a exemplo da atualização da Lei do Feminicídio (Lei nº 14.994), em 2024. “A mobilização de pautas ultraconservadoras pela extrema-direita com o avanço da misoginia e dos discursos de ódio sem dúvida contribui para agravar, ainda mais, um cenário complexo, que tem origem na cultura patriarcal”, disse Costa.
Mapa da Violência – Apesar do aumento da violência contra as mulheres, o Mapa da Violência trouxe números positivos como a redução total dos assassinatos no país, que caíram 5,5% em 2024 em relação ao ano anterior. Os homicídios tiveram queda de 6,3%; os latrocínios reduziram 1,6%; as mortes por intervenções policiais caíram 4%. Os crimes patrimoniais também tiveram queda: roubo de cargas (- 13,6%), furto de veículos (- 2,6%), roubo de veículos (- 6,0%), roubo a instituição financeira (-22,5%).
Com informações do G1 e Estadão