Na década de 1970, mulheres foram as ruas para lutar pelos seus direitos, ingressar no trabalho produtivo, influenciar na economia como geração de trabalho e renda e com salário, porque até então a ela cabia o serviço de “cuidadora do lar” que assumia responsabilidades familiares, trabalho que acontecia nas casas em que não havia remuneração.

Por Conceição de Maria*

O resultado desses avanços faz com que no período de 1992 a 2009, o percentual de famílias chefiadas por mulheres passe de 21,9% para 35,2%.

As mulheres passaram a compartilhar o mercado de trabalho com os homens, mas não houve uma redistribuição de tarefas e responsabilidades no tocante as atividades domésticas e de cuidados, seja da criança, seja do idoso.

Além de março ser o mês para refletir as lutas e os avanços dos direitos para as mulheres, pensemos no dia 21, Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial, que inclui também o pensar das condições da mulher negra no Brasil, mulheres que desde o século IX , tornaram-se  presentes  como  ambulantes, trabalhando em pequenas quitandas, como quituteiras  e que  foram elas  que se assumiram o papel de  domésticas no novo século.

O trabalho doméstico no Brasil ainda tem cor, os espaços sociais ainda tem cor e as mulheres negras convivem em uma sociedade que precisa combater o racismo para ter acesso às políticas públicas.

A mulher negra da atualidade ameniza a dor para que a nova geração não experimente que ela viveu, e como nos diz Conceição Evaristo em seu poema Vozes-Mulheres 

A voz de minha bisavó
ecoou criança
nos porões do navio.

(…)

Na voz de minha filha
se fará ouvir a ressonância
O eco da vida-liberdade.

*Conceição de Maria P. A. Rosa é Presidenta do PCdoB em Macaé/RJ. Diretora de Formação do Sindipetro-NF (licenciada) e coordenadora de Politicas Sociais e Igualdade (Prefeitura Macaé).

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