O 2° Encontro Nacional de Mulheres Quilombolas começa nesta quarta-feira (14) e vai até 18 de junho na sede da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), no Núcleo Bandeirante, em Brasília.
Promovido pela Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), são estimadas a participação de cerca de 300 lideranças de comunidades quilombolas de todo o país e da América Latina.
Com o tema “Resistir para Existir”, o encontro visa estimular trocas de experiências, debates e diálogos entre as várias organizações de comunidades quilombolas do Brasil, através da participação das mulheres que atuam nesses estados e organizações.
A ideia é “fortalecer a consolidação da luta pelos direitos da população quilombola no país, avaliar as políticas públicas existentes, e debater questões relevantes à qualidade de vida de mulheres quilombolas”, diz o convite do encontro.
Durante quatro dias, mulheres do campo e da cidade irão debater temas importantes como o combate à violência, promoção da educação, participação na política, desenvolvimento agrário, ativismo de populações jovens, cultura afro-brasileira e defesa de territórios quilombolas.
Debates, oficinas e feiras
A programação inclui ainda debates sobre renda, bioeconomia, racismo ambiental, alimentação, acesso à educação, comunicação e direitos humanos.
O evento terá também oficinas de autocuidado e segurança pessoal, dentre outras, visando proporcionar para as mulheres quilombolas outras perspectivas de saúde e autocuidado.
O encontro contará com uma Ciranda Quilombola, espaço infantil para crianças de 0 a 6 anos (1a Infância), para garantir a participação das crianças e mães de crianças nessa faixa etária.
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A educadora e membro do Coletivo Nacional de Educação da Conaq, Givânia Maria, disse à Agência Brasil que são esperadas várias autoridades políticas e sociais na abertura do evento e contou que são grandes às expectativas de não violação dos direitos quilombolas.
“O encontro coincide com o início de um novo governo em que a gente tem perspectiva de que as coisas não serão os fáceis, mas pelo menos não teremos a instituição governo trabalhando para aumentar ainda mais a violação do direito das mulheres quilombolas”, completou a educadora.
Segundo dados do Atlas da Violência, “das mulheres assassinadas no Brasil em 2019, 66% eram negras. O risco relativo de uma mulher negra ser vítima de homicídio é 1,7 vez maior do que o de uma mulher não negra. Em outras palavras, para cada mulher não negra morta, morrem quase duas mulheres negras”, informou a Conaq.
Em se tratando de territórios, dados da Coordenação Geral de Regularização de Territórios Quilombolas (DFQ), ligada ao Incra, apontam a titulação das terras quilombolas entre 2019 e 2022 caiu 62% em comparação com os quatro anos anteriores, e em 78%, se comparadas com o período de 2011 a 2014.
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Por Eliz Brandão