Apenas três Assembleias Legislativas no Brasil são presididas por mulheres. As demais 23 Casas Legislativas têm homens à frente. Apesar da crescente presença das mulheres na política e nas disputas eleitorais, elas ainda são minoria nas câmaras municipais, no parlamento e nos cargos de liderança.
Duas das deputadas são de estados do Nordeste: Ivana Bastos (PSD), da Bahia, primeira mulher a assumir a Assembleia Legislativa do estado em 190 anos, e Iracema Vale (PSB), do Maranhão, deputada mais votadas nas eleições de 2022 com 105 mil votos. A terceira é a deputada Alliny Serrão (União Brasil), reeleita para presidente da Assembleia Legislativa do Amapá.
De diferentes espectros ideológicos, as deputadas convergem quando o assunto é o preconceito. Todas relatam enfrentar dificuldades e falta de reconhecimento ao ocupar o parlamento. No quarto mandato, a deputada Ivana Bastos diz que enfrentou dificuldades e questionamentos já a partir da segunda campanha.
” Alguns homens não se conformam com o fato de uma mulher ocupar um espaço de poder e tentam impedir esse avanço. Foi um processo marcado por tentativas de judicialização e até manobras para refazer eleições, o que evidencia o quanto ainda precisamos evoluir na política quando se trata da presença feminina”, afirmou ao Uol.
Antes de se tornar deputada estadual, Alliny Serrão foi vereadora na sua cidade natal, o município de Laranjal do Jari, no Amapá. “É preciso lidar com uma cobrança maior para provar capacidade, enquanto o estereótipo e o preconceito impõem barreiras que, em grande parte, não são vivenciadas por colegas homens”, disse.
Falta de representatividade
Apesar de formarem a maioria (51,8%) da população brasileira, as mulheres ainda são pouco representadas na política. Em 2022, 187 mulheres foram eleitas deputadas estaduais, o que corresponde a 18% das vagas nas Assembleias Legislativas. Em 2018, a proporção era de 15%. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) 302 mulheres foram eleitas, o que equivale a 3,1% do total de candidatas, para a Câmara dos Deputados, Senado, Assembleias Legislativas e Governos Estaduais.
Nas eleições municipais de 2024, o número de mulheres eleitas cresceu dois pontos percentuais. Segundo dados da Consultoria-Geral da Câmara dos Deputados, as mulheres representaram 17,92% dos eleitos contra 15,83% do total de prefeitos e vereadores eleitos nas municipais de 2020.