Há exatos 57 anos, em 13 de março de 1964, no comício na Central do Brasil, ao lado de sua companheira de vida e de lutas, Dona Maria Tereza Goulart – essa testemunha viva da história e na luta – o saudoso Presidente Jango, nesse emblemático e histórico comício, pregava as reformas de base, tendo a reforma agrária como o núcleo delas. Seu lema para os trabalhadores: “Progresso com justiça e desenvolvimento com igualdade”.

Por Celso Augusto Soares*

“A experiência de todos os movimentos de libertação atesta que o êxito de uma revolução depende do grau em que dela participam as mulheres.”

Por um lado, para a luta ideológica contra o liberalismo, que acusa o marxismo-leninismo de ter negligenciado a luta das mulheres, oferecendo como alternativa ao socialismo científico um feminismo liberal e desprovido de qualquer anti-capitalismo. Por outro lado, para o combate ao marxismo vulgar, que considera toda e qualquer reivindicação feminista como um desvio “identitário”, ignorando a longa história de luta do movimento comunista (em especial de suas seções femininas) contra o chauvinismo masculino.

Lenin, dizia: “O trabalho de agitação e de propaganda entre as mulheres, a difusão do espírito revolucionário entre elas, são considerados problemas ocasionais, tarefas que cabem unicamente às companheiras. Isso é mal, muito mal. É separatismo puro e simples! O que é que está na base dessa atitude equivocada? Em última análise, trata-se de uma subestimação da mulher e de seu trabalho. Infelizmente, ainda pode dizer-se de muitos camaradas: ‘Raspa um comunista e encontrarás um filisteu!’ Evidentemente, deve-se raspar no ponto sensível: em sua concepção sobre a mulher.”

Embora houvesse avanços na luta das mulheres, por sua emancipação, com diversas leis em nosso Brasil, o fato, é que se limpou parte do terreno para construir – ainda que timidamente, mas a construção ainda não foi empreendida.

A mulher, não obstante essas mesmas leis, continua uma escrava doméstica. Porque é oprimida, sufocada, embrutecida e humilhada pela mesquinha economia doméstica que a prende na cozinha, aos filhos e lhe consome as forças num trabalho bestialmente improdutivo, enervante, que embrutece e oprime. A verdadeira emancipação da mulher, o verdadeiro comunismo, só começará onde e quando começar a luta das massas.

Para a verdadeira emancipação da mulher, não está na ordem do dia a discussão de sexo e outros penduricalhos da moral burguesa, pelo contrário, isso não pode ser visto como a parte principal da questão social, fazendo com que a grande questão social, apresente-se como parte, apêndice do problema sexual. Isso não só prejudica a clareza da questão, mas obscurece o pensamento em geral, a consciência de classe das operárias. Isso não é o que se denomina materialismo histórico.

Temos hoje no Brasil mais de 270 mil mortos pela pandemia; 14 milhões de desempregados; 15 milhões que desistiram de procurar emprego; um milhão e meio de empresas no limite da falência e 10 milhões de trabalhadores com a cabeça na guilhotina. Hoje, temos mais de 2 mil mortes por dia e um total descontrole da pandemia. Com um auxílio emergencial, a ser pago a uma parte do povo, não a todos, que não compra meia cesta básica!

O que está colocado, na ordem do dia, é a questão central na luta pela emancipação da mulher e seu avanço em nosso Brasil. É a luta pela vida, a luta contra a violência, pela vacina para todos, por salários dignos e pelo emprego.

É isso que diz respeito à vida das mulheres, todas, independente de raça, cor e orientação sexual. Isso é o que trará educação política e social às mulheres e em particular às mulheres operárias, isso é o que fará o movimento feminino amplo, parte integrante e, muitas vezes, decisivo no movimento de massas, ajudando e sendo fundamental, em nosso caso, no Brasil na formação de uma Frente Ampla, aliás, amplíssima, única capaz de derrotar o nazifascismo – representado pelo psicopata e genocida Bolsonaro com suas milícias. Única capaz de unir homens e mulheres na luta para preservar a democracia e ampliá-la, salvar vidas e avançarmos na luta por um Brasil livre, solidário, menos desigual e acima de tudo, soberano. Pois sem soberania não eliminamos a desigualdade, muito menos a miséria, o desemprego e, muito menos, avançamos na emancipação da mulher.

A emancipação total da mulher, a plena igualdade social da mulher, é um princípio indiscutível do comunismo. Precisamos avançar, limpar o terreno e, de fato, construirmos uma sociedade livre das amarras da propriedade privada e do capitalismo!

Camaradas, finalizo minha contribuição a esta plenária. São esses os temas que acho relevantes na luta pela emancipação da mulher, simples assim, sem nenhum outro adjetivo. O que une na luta homens e mulheres, e faz avançar o movimento, são as propostas que calam fundo no coração do povo, não nomenclaturas por vezes burocráticas e dispersivas que se tenta dar a luta das mulheres e que as colocam como apêndice do movimento de massas e não como protagonistas.

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*Celso Augusto Soares é engenheiro pela EESC-USP/1977. Membro do Comitê Estadual do PCdoB/SP e do Diretório Municipal do PCdoB Guarulhos/SP.

(BL)

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