A Secretaria Nacional da Mulher do PCdoB promove nesta terça-feira, dia 24 de agosto, a terceira aula do curso Mais Democracia, Mais Mulheres na Política. Será às 19 horas, pela plataforma Zoom. Ainda dá para se inscrever e participar. Clique no link https://cutt.ly/XQr782V e faça sua inscrição.

Leia a seguir o texto de Conceição Cassano*, que ministrará a aula deste dia 24.

A luta pela autonomia econômica e o fortalecimento da cidadania das mulheres é o caminho para sua emancipação. Nessa direção, a inserção das mulheres no mercado de trabalho produtivo é fundamental para sua autonomia e decisiva para o desenvolvimento. No Brasil com taxas record de desemprego, as mulheres são mais da metade dos desempregados. Hoje são mais de 8.071 milhões de mulheres desempregadas.

As mulheres brasileiras sempre estiveram em minoria no mercado de trabalho, particularmente, nos empregos mais qualificados, que pagam melhores salários. Essa situação de discriminação se agravou ainda mais com a desindustrialização do país, nas últimas quatro décadas, resultado dos juros altos e da dependência econômica. Um recuo de décadas na economia nacional, que vem sendo pautada pela exportação de produtos agrícolas, minério e petróleo bruto.  Em 2019, 85% da força de trabalho feminina, estava empregada no setor de serviços, a maioria com direitos precarizados e salários rebaixados. Com a pandemia, as mulheres negras, ainda mais discriminadas e a maioria no setor de serviços, sofrem com uma taxa de desemprego alarmante de 19,8%.

O Brasil precisa voltar a crescer, controlar a pandemia, a carestia e distribuir renda.  Derrotar o negacionismo, fazer investimentos públicos para gerar mais de 21 milhões de empregos para socorrer o total de desempregados, desalentados e subempregados no país hoje.

É preciso retomar o desenvolvimento econômico e social.  Enfrentar o obscurantismo, formando uma ampla aliança de forças e iniciar o processo de reconstrução nacional, com o centro no trabalho, com a redução das taxas de juros, com a substituição das importações, reindustrializar o país, romper com a dependência externa, com investimentos públicos em Ciência e Tecnologia e geração de empregos qualificados com salários dignos e direitos trabalhistas. Isso tudo é possível. Os países do BRICS, que optaram por esse caminho, como a China, Rússia e Índia, continuam crescendo, mesmo com a crise no mundo.

 A crise no Brasil é estrutural. Portanto, exige mudanças estruturais.  A dura realidade da crise atual evidencia a necessidade de um Estado forte comprometido em garantir o desenvolvimento, em combater as discriminações e preconceitos, em promover políticas públicas para as mulheres, empregos, salário igual para trabalho igual, licença maternidade de um ano, creches, restaurantes populares, lavanderias públicas, em apoiar saúde da mulher e a maternidade e combater à violência. Pela volta do Ministério da Mulher e do Trabalho.

Essa luta interessa a grande maioria das mulheres, como deve interessar a todos os brasileiros patriotas. Portanto, é preciso superar falsas contradições, em considerar a luta das mulheres e contra os preconceitos raciais, como identitária. A luta pela autonomia econômica das mulheres e o fortalecimento da sua cidadania é antes de tudo, uma luta pela sua emancipação e pela emancipação nacional. É uma luta por igualdade de direitos, que apesar de garantidos na Constituição de 88, e de outras conquistas, ainda vamos precisar de muita unidade, muita ousadia, muita firmeza e convicção para transformar essa realidade.

O Brasil só será capaz de trilhar o caminho do desenvolvimento, se avançar na inserção das mulheres na produção social, com Mais Democracia e Mais Mulheres na Política.

*Conceição Cassano  – nutricionista e epidemiologista; mestre em Ciência da Universidade de Londres; professora e pesquisadora titular da ENSP/FIOCRUZ; vice-presidente da Confederação das Mulheres do Brasil; Membro do Comitê Central do PCdoB e do Fórum Nacional Permanente sobre a Emancipação das Mulheres.

Participe da conversa

2 Comentários

  1. Creio que a melhor saída seja o incentivo à criação de cooperativas femininas de produção e de serviços, aliado ao incentivo para formação técnico-tecnológica.

Deixe um comentário

Deixe um comentário para Dina Costa Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *