A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos disse em entrevista concedida ao jornal O Globo que vai implantar ações afirmativas para aumentar o número de mulheres na carreira científica na tentativa de diminuir a desigualdade de gênero existente na área. A informação foi publicada nesta quarta-feira (26).

“Vamos fazer o edital de R$ 100 milhões direcionado às mulheres para os próximos quatro anos no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). A ideia é conceder bolsas de pós-graduação para garantir condições para o desenvolvimento da mulher na carreira científica, informou a ministra.

Ela avaliou que o atual sistema de seleções discrimina a mulher e citou, por exemplo, a contabilização de pontos para a bolsa de produtividade em pesquisa, a de mais alto nível do CNPq, que analisa o tempo de produção sem considerar períodos como a gravidez e o pós-parto.

“Isso considerando as condicionantes objetivas das mulheres, principalmente a condição de ser mãe. É garantir condição de seguir uma carreira sem perder pontos por você ser mulher”, descreveu Luciana que é a primeira mulher a ocupar a pasta.

As mulheres são minoria entre os bolsistas do CNPq e existe ainda uma desigualdade de gênero por área de conhecimento na ciência brasileira. Apesar de o número de mulheres pesquisadoras ter crescido mundialmente, a desigualdade persiste e se acentua em posições deliberativas da política científica e tecnológica. No Brasil, esse quadro não é diferente.

Para aumentar o número de futuras cientistas no país, é necessário implementar políticas públicas e ações que incentivem apoiem e promovam as mulheres no estudo, na pesquisa e na carreira profissional. 

Programas do MCTI

Ao jornal, a ministra informou que há diversos programas que estão sendo realizados pelo MCTI para solucionar o dia a dia do povo brasileiro, como o que trata de tecnologia aeroespacial e o Complexo Industrial de Saúde. “A área aeroespacial parece algo distante, quando na verdade trata de ferramentas tecnológicas que são decisivas para o monitoramento do desmatamento da Amazônia, por exemplo”, citou ela.

A ministra disse ainda que o monitoramento na região amazônica é diário para ver como está sendo feito o uso da terra e o ministério vai ampliá-lo para outros biomas. Ela explicou que identificar garimpeiros e quem está praticando o desmatamento na região é de responsabilidade da polícia.

Autonomia da produção nacional

Para a ministra, o Brasil precisa ter autonomia na produção de insumos, equipamento e até de medicamentos para subsidiar o Sistema Único de Saúde (SUS) e depender menos do mercado internacional.

“Uma das nossas ideias é produzir Insumos Farmacêuticos Ativos (IFAs). O Brasil produziu a CoronaVac em parceria com os chineses e a AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford. No entanto, o mundo todo dependeu dos IFAs . Nós já produzimos insumos no passado e queremos retomar, pois temos matéria-prima e intendência para isso. Para sermos, inclusive, exportadores”.

Novas bases tecnológicas

Ainda segundo a ministra, “na agenda da reindustrialização, o governo vai entrar com R$ 41 bilhões em investimentos nos próximos quatro anos para financiar todas as novas bases tecnológicas”, destacou.

Ao ser questionada se o Brasil está longe de ser referência na produção científica, a ministra disse que o país é o 13º do mundo em ranking de papers, “o que significa que temos uma produção científica reconhecida internacionalmente, com soluções adequadas”. Porém, completou ela, o país não conseguiu realizar isso em produtos e serviços. “Somos o 57º em inovação”, concluiu.

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Por Eliz Brandão

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