Vivemos um período de intensa perda de direitos, de desmonte das políticas públicas, de empobrecimento das camadas populares e médias, além da crise sanitária e humanitária causada pela pandemia da Covid-19.

Por Cláudia Pessoa*

Ao longo dos últimos anos, especialmente após a aprovação da Emenda Constitucional nº 95, que altera o regime fiscal e o seu principal foco é o congelamento, por 20 anos, na área da educação e saúde e com as políticas econômicas implantadas pelo atual governo, há um crescente e intenso estrangulamento dos investimentos em saúde e pesquisa no Brasil. E é justamente no momento de uma crise, como a que estamos vivendo, que a sociedade percebe a importância de se ter um sistema único de saúde que garanta o direito universal e integral à saúde.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou uma pesquisa onde mostra que 71,5% dos brasileiros, ou seja, mais de 150 milhões de pessoas, dependem do SUS para tratamento e ações relacionadas a assistência à saúde. O balanço dos dados é referente ao ano de 2019, quando a pandemia não havia chegado no Brasil. Mas sabemos que mesmo aqueles que têm plano de saúde usam o SUS direta ou indiretamente, através de vários serviços como vacinas e transplantes; nas compras nos supermercados, lanchonetes, bares  e restaurantes, através da vigilância sanitária; na água que consomem através do Programa de Vigilância Ambiental, na aquisição de medicamentos do Programa Farmácia popular, dentre outros. O SUS está, literalmente, em todo lugar!

E nós mulheres temos protagonismo no SUS. 

Somos a principal força de trabalho da saúde, representando 65% dos mais de seis milhões de profissionais que trabalham nos setores público e privado, tanto nas atividades diretas de assistência em hospitais, quanto na atenção básica. Somos também a maioria na gestão.

A presença das mulheres, usuárias, nos serviços de atenção primária à saúde é bem maior que a dos homens e em todas as fases da vida. A prática de autocuidado, desde muito cedo, foi sempre muito intensa e isso leva, além de outros fatores, a uma maior presença feminina nos serviços e atividades de uma Unidade Básica de Saúde (UBS).

E essa grande conquista da constituição de 1988 está ameaçada mais uma vez. Faz-se necessário que toda a sociedade civil atente para a importância da manutenção do sistema de saúde brasileiro e da necessidade de mais investimentos e que impeça esse movimento privatista de avançar.

A 3ª Conferência Nacional do PCdoB sobre a Emancipação das Mulheres deve debater sobre a importância da participação popular e do controle social, estratégia fundamental que garante o acesso universal aos direitos à saúde. Mesmo em tempos pandêmicos a participação efetiva dos filiados e das filiadas nos conselhos locais, distritais, municipais e estaduais de saúde deve ser uma das deliberações dessa conferência.

Sem saúde não há vida!

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*Cláudia Pessoa é trabalhadora, conselheira local de saúde e conselheira distrital de saúde no SUS-BH.

(BL)

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3 Comentários

  1. Muito bom o artigo sôbre a defesa do SUS, de Claudia Pessoa.
    A sugestão como indicação para as decisões da 3a.Conferência, torna-se mais importante qdo conhecemos os dados : 65% dos profissionais são mulheres e que 71,5% dos brasileiros usam o SUS!

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