O Comitê Estadual do PCdoB na Bahia realizou, neste sábado (13/03), por meio de videoconferência, a etapa baiana rumo à 3ª Conferência Nacional sobre a Emancipação das Mulheres, marcada para acontecer entre os dias 19 e 21 deste mês. A direção estadual comemorou a concorrida mobilização feita para a atividade, que reuniu cerca de 450 pessoas na plataforma Zoom.

Secretária estadual de Mulheres do Partido, Daniele Costa afirmou que os debates promovidos abrem caminhos para a luta feminista no país. “O PCdoB, o partido mais antigo do Brasil, foi o primeiro partido a realizar uma conferência sobre emancipação de mulheres. Esse não é um encontro setorial. É um encontro de homens e mulheres. A luta feminista é permanente”, disse.

O encontro estadual teve cotas para os homens, e o presidente estadual, Davidson Magalhães, cobrou o engajamento de todas as pessoas do Partido nessa luta. “Esse é um movimento primordial. Precisamos de homens emancipados participando dessa batalha. O grande desafio dessa 3ª Conferência é nós construirmos um grande movimento de massa para combater essa estrutura machista”, afirmou.

Não só lideranças estaduais participaram da discussão. A presidenta nacional do PCdoB, Luciana Santos, esteve no ato e exaltou a tradição de resistência das mulheres da Bahia, que, para ela, sempre foi uma inspiração. “Precisamos nos inspirar em Maria Quitéria, Loreta [Valadares], Olívia [Santana], Alice [Portugal], Dani [Costa], Ilka [Bichara], ou seja, uma junção de mulheres de bens. Esta é uma luta estratégica. Vamos levar [a toda a sociedade] a consciência de opressão”, conclamou.

A secretária nacional de Mulheres, Vanessa Grazziotin, também contribuiu com a atividade. Ela, que é do Amazonas, falou do caos que o estado vive e da irresponsabilidade do governo Bolsonaro no enfrentamento à pandemia, que tem atingido mais as amazonenses. Para ela, é preciso uma compreensão masculina de que a realidade é mais dura para as mulheres: “a gente quer que os homens estejam com a gente, mas não apenas em uma conferência”, disse.

Também presente, a deputada federal Jandira Feghali (RJ) contribuiu com o debate sobre a violência política de gênero, que está na ordem do dia e revela a importância de repensar o acesso como forma de reconstruir os espaços de poder no país. “Nós precisamos estar na política, em todos os espaços da política. […] Precisamos fazer essa mulher participar da política, agora”, pontuou.

Mentora

A etapa estadual da Conferência homenageou mulheres consideradas referências para a luta feminista, como a professora Clarice Pereira, que morreu de Covid-19, no ano passado; a vereadora carioca Marielle Franco, na véspera do aniversário de três anos do seu assassinato; e Loreta Valadares, considerada a mentora da concepção emancipacionista do feminismo, no PCdoB. A deputada federal Alice Portugal lembrou o pensamento de Loreta, na ocasião.

“O nosso partido entende a luta das mulheres não apenas como uma luta identitária, mas uma luta estratégica para a democracia. […] A mulher precisa ter as condições materiais, espirituais, políticas, para que possa criar sua prole sem se submeter a situação de violência. […] Nós queremos igualdade e equidade, dentro do partido e fora dele”, afirmou a parlamentar baiana.

Diversidade

A diversidade dentro da luta feminista emancipacionista foi defendida pela ex-deputada federal Manuela D’Àvila (RS) e pela deputada estadual Olívia Santana (BA), durante a atividade. Manuela pontuou que as consequências da desigualdade de gênero pesam mais para as mulheres pobres e negras, por exemplo, e que justamente por isso é que é preciso levar em consideração as particularidades e complexidades da luta. “Precisamos construir uma luta grande, imaginar qual o nosso papel e pensar saídas [para a emancipação]”, disse.

Segundo Olívia Santana, que também é secretária nacional de Combate ao Racismo, a consciência da diversidade deve considerar as diversas realidades, como a das mulheres negras das comunidades pobres, que são as que mais morrem, e a das indígenas, que vivem em uma estrutura social completamente diferente. “Somos diversas e temos que dialogar também de maneira diversa com o povo. Temos que ter capacidade criativa para ouvir e promover a emancipação de todas”, afirmou.

A partir dessa e de outras discussões, a presidenta estadual da União Brasileira de Mulheres (UBM), Juliana Campos, defendeu que o encontro foi uma grandiosa chance de amadurecer o entendimento sobre a luta pela emancipação das mulheres. “Essa conferência nos dá a oportunidade de colocar o dedo na ferida, de verbalizar, de tratar, e deixa um salto político para o partido e para a sociedade grandioso”, opinou.

O ato contou também com a participação de lideranças de partidos aliados, como a deputada federal Lídice da Mata (PSB), a vereadora Laina Crisóstomo (Psol/Salvador) e a dirigente Brena Pinto (PT). Além disso, estiveram no debate as lideranças comunistas da Bahia, como o deputado federal Daniel Almeida; os deputados estaduais Fabrício Falcão e Zó; o vereador Augusto Vasconcelos, de Salvador; a secretária de Políticas paras as Mulheres do Estado, Julieta Palmeira, entre outras.

Muitas entidades dos movimentos social e sindical também estiveram presentes, representadas por Ângela Guimarães (Unegro), Marianna Dias (UJS), Aline Lima (FABS), Layane Cotrim (UEB), Rosa de Souza (CTB), Emanuel Souza (Bancários), entre outras. O evento também contou com intervenções artísticas, como apresentações de música e poemas.

Do encontro, foi aprovado um documento e eleita uma delegação, que serão enviados à etapa nacional da Conferência.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *