Com a bandeira “vermelha de um sonho antigo” entrelaçada em outra verde-amarela, seguindo, na prática, os trechos da canção de Jorge Mautner, o PCdoB Maricá-RJ realizou na noite desta terça-feira (23), de forma virtual, em razão da pandemia de Covid-19, sua etapa municipal da Conferência pela Emancipação das Mulheres. As emendas tratadas irão para o debate na plenária estadual. O encontro teve 88 presentes, sendo 43 filiados à sigla.  

Iniciando oficialmente a 1ª Conferência Municipal do PCdoB sobre a Emancipação das Mulheres, o presidente do PCdoB em Maricá (RJ), Alan Novais, destacou o “momento difícil” do País, liderado, segundo ele, por “um governo fascista”, que “tira direitos do povo brasileiro, especialmente das mulheres”.

Secretária de mulheres da cidade, Taisse Costa agradeceu a todos os mais de 80 convidados que estavam acompanhando o evento e chamou um vídeo gravado pela deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ). A parlamentar citou o que ela considera ser “o diferencial importante” de Maricá: “um governo progressista”, que permite a existência do “diálogo”, com “imensa possibilidade de gerar uma agenda concreta e de avanços na cidade”. Reeleito no pleito de novembro do ano passado, o petista Fabiano Horta começou, em janeiro de 2021, seu segundo mandato na gestão do município.

“Pude acompanhar o trabalho, principalmente na campanha, a ousadia, capacidade de luta, essa diversidade incrível das mulheres de Maricá, diversidade de cores, de religião. Vocês são incríveis, puderam mostrar à população de Maricá do que são capazes, na luta que vocês fazem nessa cidade. Posso dizer que vocês se diferenciam, porque o Brasil inteiro, nesse momento, sofre muito com uma pandemia, com as dificuldades econômicas, sociais, uma perda de vidas, enfrentando esse governo federal genocida, que só gera dificuldades, adversidades, omissão, é um crime atrás do outro”, disse Jandira.

“Temos um genocida no governo. Precisamos de muita força, raça, determinação para tirá-lo de lá”, declarou Márcia Campos, que reforçou os lemas “Fora, Bolsonaro” e “Vacina Já”.

Piragibe afirmou que “vivemos sob uma ameaça constante de um estado fascista, racista, homofóbico, negacionista, que despreza a vida das pessoas, machista e misógino, que quer impor uma agenda destrutiva aos nossos direitos duramente conquistados”.

Marcando a primeira atividade cultural da noite, foi exibido um vídeo que traz a interpretação da música “A Bandeira do Meu Partido”, de Jorge Mautner, pela professora Silvana Conti. Depois, Ana Rocha, secretária estadual de Mulheres do PCdoB, apresentou o documento base da 3ª Conferência sobre Emancipação das Mulheres. 

Em outros momentos de fala, tiveram a oportunidade de se manifestar: Dilceia Quintela, secretária estadual de Direitos Humanos; Dr. Richard (PCdoB), vereador eleito pelo Movimento 65 em Maricá; a vereadora Andrea Cunha (PT), única mulher na Câmara maricaense; Natanael Firmino, secretário estadual de Organização do PCdoB; Luciana Piredda, coordenadora de Políticas para Mulheres em Maricá; Sheila Pinto, secretária de Políticas Inclusivas da cidade; a coordenadora do Movimento Negro Unificado (MNU) no município, Leci Alberti; a candidata a vereadora nas última eleições e presidente da União Brasileira de Mulheres (UBM) em Maricá, Mãe Simone (PCdoB); Claudia Vitalino, presidente estadual da Unegro-RJ; Monica Gurjão, presidente da vertente maricaense da Unegro; Rafaela Lima, candidata a vereadora pelo PCdoB nas eleições 2020; e o vereador eleito Xandi de Bambuí, que deixou seu recado por vídeo.

“O PCdoB é um partido que realmente acolhe a gente e tem essa questão da luta contra a desigualdade com mulheres, desigualdade social, racismo…”, ressaltou Dr. Richard.

“A nossa luta tem que ser contra essa política de ódio, genocida, contra o desmonte de políticas sociais. Temos, juntos com as autoridades do município, que fomentar as políticas de diminuição da desigualdade. Nós, mulheres, temos que lutar pelos nossos direitos o tempo todo, porque, em qualquer crise que acontece, somos nós que perdemos os nossos direitos”, disse Mãe Simone. 

Ao encerrar sua fala, Claudia Vitalino ressaltou o lema “Lucas, presente”. A frase, que faz referência ao jovem assassinado no início de janeiro deste ano, em São José do Imbassaí, Maricá, foi repetida, na sequência, por vários participantes do encontro. Morador da cidade fluminense, Lucas dos Santos tinha 23 anos e era militante da Unegro. 

“A questão do negro no Rio de Janeiro tem sido bastante complicada. Essa é uma luta que nós não podemos fazer de forma isolada, solitária. Chamo a atenção dos nossos companheiros para essa situação gritante. A gente precisa se debruçar”, salientou Monica Gurjão.

“Quero colocar meu mandato à disposição das mulheres para que, juntos, possamos lutar pela emancipação de todos e todas, em especial as mulheres da nossa cidade e do nosso país”, afirmou o vereador Xandi de Bambuí.

A leitura do manifesto foi feita por Mãe Simone. Em seguida, houve a eleição dos 22 delegados e quatro suplentes que se inscreveram e ingressaram na conferência.

“Foram abordados pontos envolvendo a questão da precarização do trabalho, a dificuldade das mulheres no período da Covid-19, os direitos trabalhistas e as melhores condições de trabalho, as eleições municipais, os direitos sexuais das mulheres…”, pontuou Taisse Costa.

O secretário de Cultura de Niterói, Leonardo Giordano, também deixou seu recado, fechando a noite de debate. Eleito vereador na Cidade Sorriso, ele enfatizou a qualidade do trabalho maricaense, que, de acordo com o próprio, serve de referência. Detalhou ainda os fatores adversos que a sociedade brasileira enfrenta.

“Nesse momento que estamos vivendo, de ataques tão duros, de tanto sofrimento do nosso povo, a luta das mulheres adquire uma dimensão estratégica importantíssima para o nosso partido. Atravessando a pandemia, há problemas dos mais diversos e graves para todo o povo brasileiro. A gente está com mais de 14 milhões de desempregados e tantos problemas que o PCdoB denuncia que fazem o povo sofrer. E as mulheres têm problemas específicos, gravíssimos, porque, durante a pandemia, vimos explodir também a notificação e os casos de violência contra as mulheres em todo o Brasil. Assim acontece em várias questões que o PCdoB discute”, argumentou Giordano. 

Também marcaram presença, entre outros convidados: Luciane Mourão, vice-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Maricá e presidente do Instituto Pela Ordem Primeiro Elas (Pope); a secretária de Mulheres de Niterói, Irene Cassiano; Sergio Mesquita, secretário de Ciência e Tecnologia de Maricá; Arany Magalhães, procurador da Câmara Municipal maricaense; Shirley Pinheiro, coordenadora do Sindicato dos Professores de Maricá; Tiago de Paula, superintendente do Parque Tecnológico da cidade; Ricardo Teixeira, diretor administrativo da Câmara de Maricá; Marcos Mariano, controlador da Câmara Municipal; Luiz André, ex-diretor do Conselho de Urbanismo do Rio de Janeiro; Luciane Vieira, coordenadora de Promoção da Igualdade Racial do município de Maricá; Mônica Custódio, secretária nacional de Igualdade Racial da CTB; e a pastora Marla Soares, candidata a vereadora nas últimas eleições.

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