O Brasil vive um momento dramático e avassalador. Em todo o país, centenas de milhares de brasileiros e brasileiras têm suas vidas ceifadas pelo genocida que governa o Brasil.

Por Márcia Campos*

Responsável por todo esse luto nas famílias brasileiras, estimula e emula o povo brasileiro a não prestar atenção nas orientações dos cientistas, epidemiologistas, secretários estaduais de saúde, da Organização Mundial de Saúde (OMS). Na última sexta-feira (5), sugeriu que a sociedade parasse de “mimimi” e de choramingar. O uso de máscaras e isolamento social, em seu projeto de morte para nosso povo, são “frescuras” que tem que acabar. Vivemos uma conjuntura de grave crise humanitária, sanitária e política, no Brasil e no mundo, enfrentando um vírus terrível que exige de todos empatia, solidariedade, mobilização social e compromisso com o ser humano. 

Dedico esse texto, com todo o meu coração, à memória de centenas de milhares de brasileiros e brasileiras mortos pelo coronavírus e à dezena de milhões de infectados com a Covid-19 em nosso país.

Nesta semana, ultrapassamos o número de mortes semanal dos Estados Unidos da América que até então era o primeiro na fila dessa tragédia. Agora somos nós, os brasileiros. Bolsonaro baixou, no início da pandemia, uma medida em que afirmava que a trabalhadora doméstica realiza trabalho essencial e que salão de beleza, manicures e barbearia, eram atividades essenciais. Sua empatia com o povo mais humilde e carente de nosso país, é zero. Típico de fascistas e genocidas. 

Isso foi um absurdo. Foi mandar para a morte mais de 6 milhões de trabalhadores domésticos, onde 97% são mulheres e, dessas, 63% são negras. Soma-se a essa carreira de crimes, chamar de “idiota” quem fala em comprar vacina e debocha do desespero do povo vendo seus entes queridos morrendo: “até quando vamos seguir chorando?”

Esses crimes não ficarão impunes. Somos todas e todos brasileiros em defesa da vida e da democracia! De norte a sul e de leste a oeste do país o que se escuta é: Vacina já! Auxílio Emergencial já! A guerra é salvar os brasileiros. O Brasil está na pior situação em todo o mundo. A vida, do ser humano negro, da empregada doméstica, de cada brasileiro, importa. 

Essa luta indigna e mobiliza os setores democráticos de nosso país. Uma grande Frente Ampla, com mais de 17 partidos políticos e entidades de todos os segmentos de nossa sociedade, se uniram e levam essas bandeiras que salvam vidas, a cada canto de nosso país.

Nós, mulheres dessa época, deixaremos um legado para nossas sucessoras. Entraremos na história da maior catástrofe sanitária que se a abateu sobre o planeta nos últimos 100 anos. Essa realidade traz a todas nós reflexões importantes sobre o papel das mulheres na construção de um Brasil mais justo, mais soberano, democrático, feminista, com seu povo e todas as mulheres emancipadas. Um país socialista.

Sem a presença e a participação ativa das mulheres, que são mais de 50% da população e no Brasil mais de 50% do eleitorado, a humanidade não conseguirá seguir seu caminho civilizatório na busca de construir as condições sociais que diferenciam os seres humanos dos animais. São nos momentos de crise que mais se destacam a combatividade e garra das mulheres na luta em defesa da vida e da democracia.  

O capitalismo selvagem é desumano, o fascismo que busca se instalar no Brasil é praticado em vários países ao redor do mundo, onde não se criam governos com vontade política e condições mínimas de enfrentar uma guerra epidemiológica.

Esse é nosso desafio. Acreditar no povo e na capacidade humana de barrar o fascismo. Acabar com a fome e a miséria, conquistar o auxílio emergencial de R$ 600 e R$ 1200 para as mães chefes de família, defender a vida e a democracia.

O atual governo, governa para os bancos e rentistas, não para o bem estar de seus povos. Para o genocida de plantão, a pandemia mundial que já infectou mais de  90 milhões de pessoas no mundo e matou mais de 3 milhões, não passa de um “resfriadinho”. No Brasil, já são mais de 270 mil mortos e 11 milhões de infectados e esse presidente irresponsável segue pressionando estados e municípios a não cumprirem a principal orientação dos infectologistas e da OMS que é fazer isolamento social e, se necessário, fazer o lockdown, que é o fechamento total de tudo.

As mulheres se destacam na defesa incansável de todos e todas que estão sob risco de vida, enfrentado essa pandemia agressiva. Somos, em maioria absoluta, 85% dos profissionais de saúde na linha de frente dessa grande batalha e 44% dos médicos que atendem aos doentes. Somos, também, 60% dos médicos mortos no enfrentamento da doença na linha de frente.

Essas mulheres têm família, companheiro, marido, filhos, pais e avós e muitas moram com esses familiares. São submetidas às péssimas condições de trabalho, muitas vezes sem os equipamentos adequados.  

Toda a nossa gratidão, solidariedade e respeito às guerreiras e guerreiros que arriscam suas vidas para salvar as nossas.   

Segundo o Dr. Paulo Saldiva, professor titular e chefe do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da USP, as mulheres que vivem nas periferias das grandes cidades e tem entre 30 e 49 anos, aparecem nas estatísticas como a maioria dos infectados. Segundo ele, no Brasil, é muito provável que o nível social seja mais importante do que a faixa etária quando se trata de infectados e de vítimas fatais. 

As mulheres grávidas, que geram o futuro do Brasil e da humanidade, quando infectadas pela doença são sempre em níveis bastante graves, situação já observada pelos infectologistas da Fiocruz. Cerca de 80% das mulheres que morreram ao dar à luz, no mundo, eram brasileiras.

Estamos seguras que trabalhadores e trabalhadoras não podem pagar por essa pandemia. Temos que enfrentar e paralisar essa pandemia com investimento público, valorização do setor produtivo brasileiro e vacinação em massa para todo cidadão.  A crise não será estancada se o trabalho e o salário daqueles que ganham menos, os mais vulneráveis e principalmente as mulheres, for ainda mais aviltado, no momento que o povo mais precisa do Estado e do poder público.  Inúmeras conquistas dos trabalhadores e trabalhadoras previstas na Constituição Cidadã de 1988, foram atacadas e agredidas pelo governo, tornando a situação dessas pessoas dramática. As mulheres exigem que se respeite a vida das mulheres e do povo brasileiro.

O SUS que já vinha tendo seu orçamento cortado a cada ano, foi brutalmente sucateado, só piorando com a PEC. Mais de 80% do povo brasileiro só o SUS como alternativa para cuidarem de sua saúde, pois não têm acesso a planos de saúde. 

O Brasil tem mulheres e homens cientistas extremamente capazes, como às pesquisadoras Jaqueline Goes de Jesus, pós-doutoranda na Faculdade de Medicina da USP, que liderou a equipe que fez o sequenciamento do genoma viral, e Ester Sabino, diretora do Instituto de Medicina Tropical (IMT) da USP e coordenadora do Centro Conjunto Brasil-Reino Unido para Descoberta, Diagnóstico, Genômica e Epidemiologia de Arbovírus (CADDE), as duas fazem parte da pesquisa que determinou a sequência completa do genoma viral encontrado no Brasil, chamado de SARS-CoV-2, fundamental para os estudos para a criação da vacina que previne e protege do vírus.

Integrando instituições como a Fiocruz, USP e universidades federais públicas de todo o Brasil, que são responsáveis por 90% das pesquisas científicas em nosso país, somos capazes de descobertas incríveis. Podemos e devemos desenvolver uma indústria nacional estratégica que possibilite a fabricação, dentro do Brasil, de tudo que é necessário para cuidar de nosso povo, com desenvolvimento e soberania. Essa é a luta de todos nós até acabar essa pandemia e salvar o povo brasileiro.

Em defesa da vida e da democracia!

Vacinação para todos já!

Fora, Bolsonaro!

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*Márcia Campos é secretária-adjunta da secretaria nacional da Mulher e integrante do Comitê Central do PCdoB.

(BL)

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