Se levarmos em consideração a realidade política, econômica, social e sanitária e de como esta impacta a vida da população e, em especial, a vida das mulheres, nos coloca grandes desafios.

Por Margarida Lázaro*

Dentre eles, como pensar estratégias para minimizar os impactos desta crise para além de soluções imediatas?  Como podemos construir outras formas de relações humanas que ultrapassem a produção, comercialização e finanças? Como garantir alternativas às mulheres para a conquista de sua emancipação?

As pesquisas têm apontado que as mulheres, especialmente as mulheres negras, foram e são as mais impactadas sempre que uma crise se instala, e são sempre as últimas a saírem ou encontrarem alternativas para supera-la.

Dados têm indicado que as mulheres, em especial as mulheres negras, são as que ocupam os trabalhos/empregos mais precarizados, isto quando os têm. Esta situação, aliada a outros fatores, impõe às mulheres maior grau de vulnerabilidade.

Segundo o IBGE/2018, 38 milhões de pessoas estão abaixo da linha de pobreza e, dessas, pelo menos 27,8 milhões são mulheres. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – PNAD Contínua, no quarto trimestre de 2020, a taxa de desemprego entre as mulheres foi de 13,1%, enquanto a dos homens foi de 9,2%.

Um dos fatores garantidores de emancipação das mulheres é a autonomia econômica. Esta autonomia garante que acessem bens, educação, cultura e outras formas de se inserirem no mundo público e de tomarem em suas mãos as decisões sobre sua vida.

O sistema capitalista que rege nossas relações econômicas, sociais, nos coloca nesse lugar de exploração e de submissão. É um sistema que se alimenta e se estrutura sob o patriarcado, o machismo, o racismo.

Superaremos este sistema, criando caminhos alternativos. Esse é um processo histórico e por isto, o caminho trilhado deve questionar as relações estabelecidas pelo capital. Construir relações solidárias, justas, sustentáveis, coletivas, emancipacionistas encurta o caminho para uma sociedade pautada nos direitos humanos.

Neste sentido, a Economia Solidária/Ecosol, que tem como princípios a igualdade, a liberdade, a justiça social, o trabalho digno, valorização do saber, respeito ao meio ambiente, respeito a diversidade, a autogestão, a divisão justa da riqueza construída, é uma forma concreta na construção de novas relações de trabalho. Pensar o desenvolvimento humano em todas as suas dimensões é pensar o desenvolvimento local. A Ecosol tem, ao longo de sua existência, possibilitado a construção de um sistema econômico justo e que vai abrindo caminhos para a desconstrução do sistema capitalista.

Oferecer, pensar junto com a população, em especial às mulheres, alternativas de autonomia econômica, a partir de suas possibilidades, de seu território, de sua cultura, de seu saber, é o caminho. O poder público, exerce um papel muito importante para esta organização. Entidades, movimentos sociais, universidades, Institutos Tecnológicos, dentre outros atores sociais podem contribuir na elaboração, implementação de projetos que apoiem, estruturem o desenvolvimento local, pautado na Economia Solidária, garantindo assim que as mulheres, acessem novas tecnologias, agregando valor a seus saberes e fazeres.

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*Margarida Maria Lazaro Silverio é secretária de Formação do PCdoB Osasco

(BL)

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